Planejamento é o passo inicial para realizar um sonho

06-05-2009 11:19

O debate sobre a crise financeira internacional passou, definitivamente, a compor o cotidiano das pessoas. A grande questão é até onde os sinais de desequilíbrio do sistema financeiro mundial podem afetar a população brasileira. Por isso, o debate não deveria ficar restrito à discussão sobre soluções que minimizem em curto prazo os efeitos desses solavancos na cadeia produtiva. É preciso ousar nas discussões e trazer alternativas para que a sociedade se proteja a longo prazo. Mais do que isso: é preciso trazer à tona os riscos que as pessoas correm caso não se previnam desde já para o futuro. É esse o viés que deveria ser dado às discussões sobre previdência privada e seguros, que vêm sendo omitidos, sufocados pelas discussões em torno da crise.

Depois de atravessar dezenas de mudanças, o sistema previdenciário brasileiro está longe do ideal. A poupança de dinheiro, incentivada pelos governos e por empresas do setor financeiro na década de 70, iniciou no Brasil uma revolução no que diz respeito a poupar e sonhar com a conquista de bens. Em outros momentos políticos e econômicos, a população foi traída em seus sonhos, o que provocou a descrença generalizada nas aspirações de usar a poupança como degrau para a ascensão social.

Bombardeada por um modelo comportamental copiado das grandes potências, principalmente a americana, nas últimas décadas, a sociedade brasileira caminhou na direção do consumo e na crença do crédito fácil. Assim, diante dos baixos rendimentos da poupança, das dificuldades financeiras e do consumo exagerado, a cultura do guardar ficou de lado.

Mas esse quadro está mudando gradativamente, principalmente depois da reforma da previdência e, agora, com a crise financeira internacional. Aos poucos, o brasileiro começou a perceber que, na maioria dos casos, ele é o responsável pelo seu futuro e pela sua aposentadoria. Se antes os programas públicos e a inflação justificavam o descuido, hoje, ele já não conta com essas estruturas. E começa a se dar conta de que a ideia de poupar regularmente pode ser um excelente investimento de longo prazo, principalmente em um momento de insegurança.

Não é à toa que o investidor tem aplicado mais nos fundos de previdência privada. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), em 2008, o mercado de previdência privada teve o seu melhor ano. A captação bateu recorde histórico e alcançou a marca de R$ 31,8 bilhões, com avanço de 13,36% na comparação com 2007, quando foram captados R$ 28 bilhões. Números significativos, se levarmos também em consideração os números à época da crise. Em dezembro de 2008, os planos de previdência captaram R$ 4,4 bilhões, um crescimento de 17,47% na comparação com o mesmo período de 2007.

De qualquer forma, apesar da preocupação com o futuro estar aumentando, é preciso avaliar os riscos na hora de escolher um produto sob medida. Para comprar exatamente o que se precisa, é necessário avaliar os fundos de acumulação, as vantagens fiscais, além, é claro, das reais necessidades financeiras. Prevenir os efeitos da morte e da invalidez prematura para as famílias são formas importantes de poupança para o futuro, talvez até mais do que a própria aposentadoria, pelas consequências que a interrupção do fluxo de recursos causa na vida das famílias, em particular as que estão em fase de formação de patrimônio. Nesse contexto, os seguros de vida e de invalidez são formas importantes de poupança.

Com tantos pré-requisitos, somente a presença de um profissional qualificado é capaz de desmistificar todo esse processo. Afinal, nenhum cliente é igual a outro e cabe ao profissional avaliar os perfis para oferecer o melhor produto. Além disso, se até então uma marca forte era suficiente para a compra de um produto financeiro, agora é necessário estar atento à saúde financeira da empresa, sua solidez e tradição - que pode denotar a maneira como a empresa percorreu outros períodos de crise. Mudar essa mentalidade é um dos desafios do mercado segurador.

Para o cidadão, a melhor alternativa hoje é não ficar de braços cruzados. É legítimo cobrar o Estado, mas é sempre mais seguro cuidar da construção do próprio futuro, procurando o melhor lugar para investir seu dinheiro. Um mínimo de planejamento financeiro é o passo inicial para a realização de sonhos. É possível se programar para comprar um carro, financiar uma boa educação para os filhos ou garantir uma aposentadoria confortável. E essa é a hora.

Helder Molina é presidente da Mongeral e presidente do Comitê Internacional da Limra, fonte de pesquisa e informação sobre o mercado segurador

Helder Molina - Valor Econômico

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