País vai gerar mais e-lixo, diz especialista

06-04-2010 11:57
Da Reportagem Local - Folha de S. Paulo (Suplemento Informática)
 

Governo, fabricantes e ambientalistas analisam a posição do país no ranking da ONU; metodologia sofre críticas

Governo, fabricantes e especialistas reagiram ao estudo que coloca o Brasil na primeira colocação, entre países emergentes e em desenvolvimento, no topo da produção per capita de lixo eletrônico proveniente de computadores.

"É uma aferição econômica com a qual concordamos. O Brasil será um grande gerador de resíduos nos próximos anos", afirma Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo. Carvalho credita a posição do Brasil à ampliação da inclusão digital no país e ao aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E.

João Carlos Redondo, gerente de sustentabilidade da Itautec, diz, "Não dá para negar que a tecnologia vem barateando e que há um aumento no acesso. Esse dado da ONU tem um pouco a ver com o nosso perfil recente de consumo".

Já a comparação feita entre os países para a produção do relatório é questionada por Angela Cassia Rodrigues, doutoranda de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).

"No caso do Brasil, devido a ausência de dados históricos de vendas, foi utilizada informação da base de PCs instalada, entretanto, não existe no relatório fontes de referência dessa informação." aponta.

Segundo ela, a estimativa para os outros países foi realizada com base nos dados de produtos colocados no mercado, portanto a comparação ficou "arriscada e prejudicada" porque os métodos de estimativa foram diferentes.

O representante da Itautec questiona a metodologia do estudo. "Não é adequado criticar a iniciativa da ONU em gerar esse tipo de relatório, mas a forma como ele foi feito, a metodologia utilizada. Uma boa parte disso é inferência, não é baseada em dados precisos", diz.

Sobre a falta de dados no estudo sobre o Brasil, o representante da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo diz que ainda não existe nada para mensurar a produção de e-lixo.

Estudos e legislação
"O que estamos fazendo em São Paulo é um estudo para dimensionar o quanto cada um gera de resíduos. Queremos uma tabela com o quanto daquilo é plástico, orgânico, eletroeletrônico ou lâmpada."

Carvalho adiantou que, nas próximas semans, deve ser publicada em São Paulo uma resolução determinando que centros de venda tenham pontos de retorno voluntário de resíduos. "Os eletroeletrônicos têm que entrar na logística reversa (política pela qual fabricantes e distribuidores se tornam responsáveis pelos resíduos de seus produtos). Se o cliente quiser deixar o produto, o distribuidor deve receber."

Para o professor Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico no Brasil não é necessariamente um problema de governo. "É um fator cultural. O mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes."

A Folha procurou o Ministério do Meio Ambiente, o escritório da ONU para a América Latina e o escritório do Pnuma em Brasília e em Nairóbi, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. (AD e BR)

40 mi
de toneladas por ano; essa é a taxa de crescimento anual de e-lixo no mundo, segundo estimativas da ONU; a taxa da União Europeia está entre 8,3 milhões e 9,1 milhões

60
tipos de elemento podem estar contidos em eletrônicos; os circuitos impressos, parte interna de muitos aparelhos, segundo a ONU, têm composição mais complexa
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Saiba fazer o descarte correto do e-lixo

Computadores antigos podem ser doados a projetos; também dá para devolver o produto a empresas 

O consumidor também precisa fazer sua parte para que o lixo eletrônico não tenha um final infeliz. Como só querer não resolve, a Folha selecionou várias maneiras para que você possa colocar em prática sua vontade de ajudar o mundo.

Se você tem um computador sobrando em casa, diversos projetos aceitam doações, segundo o site Lixo Eletrônico (lixoeletronico.org), uma boa fonte na hora de consultar informações sobre o assunto. Alguns dos projetos são: Associação Brasileira de Distribuição de Excedentes (www.abre-excedente.org.br), Casas André Luiz (www.andreluiz.org.br), Comitê de Democratização da Informática (www.cdi.org.br), Comlurb do Rio de Janeiro (www.rio.rj.gov.br/comlurb), Projeto Ação Digital (projetoacaodigital.com.br/lixotecnologico) e Agente Cidadão (www.agentecidadao.com.br).

O Museu do Computador (www.museudocomputador.com.br) informa em seu site que aceita doações de equipamentos relacionados ao computador e "reaproveita o material recebido".

O Centro de Recondicionamento de Computadores (www.oxigenio.org.br) também recebe aparelhos.

Várias empresas têm seus próprios programas de reciclagem para os consumidores.
Em www.dell.com/recycling, a Dell se propõe a reciclar o seu computador de mesa (com ou sem monitor), notebook, monitor, impressora, scanner e outros. Mas o produto precisa ser da Dell. A empresa pede que o usuário informe dados como o peso estimado do produto e que escolha uma data de coleta com ao menos cinco dias de antecedência.

A Philips também recicla os produtos de sua marca no programa Ciclo Sustentável Philips, disponível em algumas cidades brasileiras. Os pontos de coleta ficam nas assistências técnicas credenciadas para os produtos da Philips. O consumidor precisa acessar www.sustentabilidade.philips.com.br e verificar o posto credenciado mais próximo.

Já a HP diz receber baterias e produtos de sua marca e encaminhar para reciclagem. O contato deve ser feito por um e-mail disponível em bit.ly/reciclagemhp.

A Epson também tem um sistema de coleta, veja em epson.com.br/coleta. Por meio desse programa, é possível descartar cartuchos de tinta da marca. (AD e BR)

DO SEU LADO
No site e-lixo.org, você informa seu CEP, número da casa e tipo de lixo eletrônico que precisa descartar e o site mostra no mapa pontos para descarte mais próximos; funciona só em São Paulo

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