Maratona digital

10-03-2010 15:51
Gilberto Dimenstein - Folha de S. Paulo
 
Alessandra Bueno está testando um jeito para as pessoas se exercitarem pela internet e ganhar mais alunos

O COMPUTADOR está sendo apontado cada vez mais como um dos estimuladores da obesidade. Desde a semana passada, a personal trainer Alessandra Bueno, formada em educação física pela USP com especialização na Universidade Federal de São Paulo, está testando um jeito para as pessoas se exercitarem pela internet -e, ao mesmo tempo, para ela ganhar mais alunos, incapazes de pagar por um atendimento individual.

A ideia foi criar uma comunidade virtual de apreciadores de academia. "Aprendi que as pessoas vão a academias para fazer amizades. A prática pode se estender às redes sociais", diz Renata, ex-professora de academias como a Runner e Fórmula.
Entrar na comunidade é grátis -mas se quiser atendimento on-line, é cobrada uma mensalidade.

O projeto nasceu, em parte, nos treinamentos em que Alessandra precisa ficar mais tempo parada para estar mais com os filhos.

Os primeiros passos no mundo digital mudaram seu trabalho, sempre personalizado. Depois de formada na USP, fez uma pós no InCor para ajudar na reabilitação física de pacientes vítimas de problemas coronários; na Unifesp, especializou-se como personal trainer.

Ao mesmo tempo em que trabalhava em academias, preparava corredores de maratona -eram turmas limitadas. "Foi aí que comecei a pensar em como atender mais gente."

Ela já tinha observado, nos treinos do parque, que muita gente corria sem nenhuma orientação e sem levar em conta os riscos para saúde.
O primeiro obstáculo, obviamente, era o dinheiro. Em geral, um personal cobra R$ 100 por hora. "É proibitivo", reconhece.

A solução digital começa a surgir com a maternidade.

Teve dois filhos -o que lhe deu tempo para pensar, já que diminuiu sua carga de trabalho. Além de pensar, seu marido (Emerson Pereira) é fissurado por tecnologia da informação e topou montar, em casa, o portal, as comunidades e o sistema de cobrança on-line. "Tudo isso era novo para mim." Sem entender nadam, ouvia Emerson dizer que existia um software gratuito (Ning) por meio do qual se pode construir uma rede social com blogs, vídeos, compartilhamento com Twitter e Facebook -e ainda por cima poderia ser acessado do celular.
Assim nasceria a rede personal trainer.

Ela entrou nessa difícil corrida digital -mais difícil do que as maratonas- que é ganhar dinheiro na internet vendendo conteúdo. A experiência começou na semana passada com três alunos -são uma espécie de cobaias virtuais.
Se vai dar certo, ainda é cedo para saber. Se der, ela terá feito do computador um instrumento para manter a forma e com baixo custo. Além disso, poderá ajudar na sua maternidade. "É um jeito que eu poderia dar aula sem sair de casa."
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