Grandes empresas brasileiras fazem pouco, diz pesquisa

05-10-2009 16:37
CLAUDIO ANGELO - Folha de S. Paulo
 
Em enquete global feita com 500 companhias, sete representantes brasileiras ganham média baixa

Apesar de se declararem preocupadas com as mudanças climáticas, as empresas brasileiras pouco têm feito para contabilizar e reduzir suas emissões de gás carbônico, o principal gás de efeito estufa. A conclusão é de um relatório a ser divulgado hoje, que avalia as ações climáticas das 500 maiores empresas do mundo.

O chamado relatório Global 500 é produzido anualmente pelo CDP (Carbon Disclosure Project), ONG que representa grupo de 475 grandes investidores. Esse grupo, cujos ativos somam US$ 55 trilhões, manda questionários às grandes empresas pedindo informações sobre seus inventários de emissão de gases-estufa e suas ações para reduzi-los. As respostas são totalmente voluntárias.

O questionário deste ano foi enviado a sete empresas brasileiras. A boa notícia é que 100% delas responderam -a média global foi de 82%. A má é que o grau de transparência médio das empresas foi baixo: no índice criado pelo CDP, o Brasil teve 46 pontos numa escala de 100, acima apenas de China, Taiwan e Cingapura.
A Petrobras, das sete empresas brasileiras (AmBev, Vale, Itaú, Bradesco, Eletrobrás e Banco do Brasil), foi quem teve o pior desempenho, ao lado do Itaú (44 pontos). A estatal optou por divulgar dados de suas emissões só para investidores.

"Não é um resultado espetacular em relação ao mundo. Muitas empresas têm desempenhos mais altos. Mas, para um mercado emergente, como o Brasil, é um resultado razoável", disse à Folha Paul Simpson, coordenador do relatório.
A Vale, por outro lado, teve 74 pontos, mais do que a média das empresas dinamarquesas -um índice considerado "impressionante" por Simpson.
Segundo ele, as empresas de mercados emergentes, como Brasil e China, não têm obrigação de reportar ou controlar suas emissões, já que esses países estão desobrigados de metas pelo Protocolo de Kyoto.

Pela primeira vez, o CDP incluiu no relatório um índice de desempenho. Ele mede se as empresas adotam metas, se dialogam com os formuladores de políticas públicas e se produzem inovação tendo em vista mudanças climáticas. Nesse quesito, as brasileiras também vão mal, na média: têm 38 pontos, abaixo das indianas.

O relatório mostra aumento no interesse das empresas em reportar suas emissões. A taxa de resposta mundial subiu de 77% em 2008 para 82%, apesar da crise. "Isso mostra que a mudança climática está ficando mais importante para os negócios", disse Simpson.

Também aumentou o número de empresas que declaram suas metas de redução de emissões: foram 257 (51% do total) contra 206 (41% do total) no ano passado. Os empresários, segundo o CDP, estão buscando tanto vantagens de mercado -como ganhos de eficiência- quanto de marketing, mas também querem se antecipar a regulamentações futuras.
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