Entrevista com Moriael Paiva: 'Um presidenciável já me procurou', diz consultor

10-07-2009 14:35
Luiz De França - Veja.com
 
Moriael Paiva, diretor de criação da Talk Interactive (Crédito: Divulgação)
Uma forma de medir o interesse dos políticos pela internet e pelas redes sociais é contar o número de consultas que eles têm feito a especialistas no assunto. Moriael Paiva, diretor de criação da Talk Interactive - agência de marketing digital que comandou a campanha on-line de reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), em 2008 -, afirma que ao menos um político o procura a cada semana em busca de conselhos, sendo que ao menos um deles é um presidenciável. Na entrevista a seguir, Paiva fala do interesse dos políticos pelas redes sociais e pela internet em geral, de que forma essas ferramentas deverão ser usadas em 2010 e ainda da discussão legal a respeito: a falta de uma legislação específica deixa a questão a cargo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE).

O Congresso Nacional começou a discutir um projeto de lei que libera o uso da internet durante todo o processo eleitoral. Isso vai ajudar na popularização das redes?
Os brasileiros estão entre os que mais acessam a internet, e são maioria quase absoluta no Orkut. Em um universo como esse é quase impossível proibir que as pessoas entrem nesses ambientes para discutir política. Se a internet for de fato liberada, poderemos repetir aqui no Brasil o sucesso e a contribuição que ela desempenhou nas eleições americanas.

Liberar sem qualquer restrição?
Acho que tem que liberar, mas com regras para que se utilize a internet com responsabilidade. Durante a disputa pela prefeitura de São Paulo de 2008, cerca de 45 vídeos de conteúdo agressivo foram publicados no YouTube contra o candidato à reeleição, Gilberto Kassab. Do mesmo jeito que não se pode agredir um candidato na TV, não se deve fazer o mesmo na internet.

Como foi trabalhar em uma campanha eleitoral, como a de Kassab, sem liberdade para explorar todos os recursos da internet e como será trabalhar em uma campanha com uso liberado?
O TSE baixou uma norma que cada TRE interpretou de um jeito. No Rio, foi liberado, em outros estados o uso foi mais flexível. Já em São Paulo, tudo foi proibido. Mesmo assim, conseguimos, dentro da lei, oferecer o que achávamos necessário para melhorar a comunicação com o eleitor, como portal, blog e alguma coisa de redes sociais. Se a internet realmente for liberada, quem vai ganhar é o eleitor, que poderá ter mais acesso aos candidatos e conhecer e discutir melhor suas propostas.

Qual a melhor maneira de utilizar as redes sociais?
O grande segredo da campanha do Barack Obama nos Estados Unidos foi direcionar sua campanha com mensagens para determinados públicos e temas abordados nas redes sociais, respeitando a vontade de cada um de participar do processo ou não. Ele abriu todas as possibilidades de participação.

As redes sociais serão a grande ferramenta dos políticos brasileiros nas próximas eleições?
Se o uso delas for liberado, sim. Não estou dizendo que vamos fazer campanha apenas on-line e esquecer o resto. Afinal, tem gente que nem tem acesso à internet: para elas, rádio e TV são os únicos meios de contato com candidatos. Campanha eleitoral é um conjunto de ações.

Como o senhor vê esse interesse dos políticos brasileiros pelo Twitter?
Eu acho importante. É o novo canal de conversa, desde que seja visto não como um canal para promoção pessoal, e, sim, como canal de conversa. É uma forma de ver o que as pessoas estão fazendo, consumindo e pensando. Se algum político se dispuser a ver o que falam dele no Orkut, pode levar um choque (risos).

Algum político já o procurou buscando conselhos para a campanha de 2010?
Pelo menos um por semana.

Quem?
Não posso falar. Mas posso dizer que alguns são candidatos à Câmara dos Deputados, Senado e um até à Presidência da República.

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