Em cinco meses, só 31% do orçamento anual de TI foi gasto, revela pesquisa

09-07-2009 18:18
André Borges - Valor Econômico
 

Em dezembro do ano passado, a varejista GBarbosa decidiu que investiria R$ 12 milhões em novos projetos de tecnologia ao longo de 2009. Seis meses depois, quase nada saiu do papel. "No início do ano tivemos que cortar esses investimentos a zero", diz Wanderlei Ricardo Valota, gerente de tecnologia da GBarbosa. "Só começamos a abrir a torneira no segundo trimestre."

Atualmente, o orçamento anual de tecnologia é de R$ 5 milhões, cerca de 40% do que foi previsto inicialmente. "Esses projetos estão diretamente atrelados aos planos de expansão da empresa. A redução de investimento é uma consequência da revisão dessas metas", comenta Valota.

A situação vivida pela área de tecnologia da rede varejista é um exemplo do que vem ocorrendo com boa parte das grandes empresas do país. Entre janeiro e março, o Instituto Sem Fronteiras, em parceria com a empresa de pesquisas IT Data, entrevistou executivos de 1.140 empresas do país para identificar a tendência de investimentos previstos para a área de tecnologia da informação (TI). Os resultados mostravam que os orçamentos seguiriam praticamente inalterados - com uma ligeira queda de 0,2% -, depois de cinco anos consecutivos com taxa de crescimento superior a 10%.

Ao se aproximar o fechamento do primeiro semestre, porém, o que se percebe é que a crise econômica conseguiu congelar parte dos planos previstos para a primeira metade do ano. No mês passado, uma nova pesquisa feita com 240 executivos de tecnologia constatou que apenas 31% dos investimentos previstos para o ano foram gastos entre janeiro e maio. "Como era de se imaginar, as empresas esperaram para verificar como o quadro econômico no país iria se desenvolver", diz Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas da IT Data.

Os setores que mais reduziram suas expectativas de investimento foram os de manufatura, óleo e mineração, comércio e agronegócio. As áreas menos afetadas foram as de governo, utilidades públicas (energia, saneamento e gás) e finanças.

As pesquisas apontam, no entanto, que a velocidade lenta dos investimentos identificada na primeira metade do ano não significa que as metas iniciais serão deixadas de lado. Há uma forte expectativa de que haja um aumento considerável dos investimentos em TI no segundo semestre, dizem 77% dos entrevistados. "A questão é saber se os executivos do setor terão disponíveis os investimentos previstos em seus orçamentos iniciais", afirma Rodrigues.

O cenário conturbado desenhado desde o fim do ano passado fez com que o grupo Carvajal, dono de marcas como Listel, GuiaMais e Publicar, decidisse abrir mão de investimentos neste ano. "Já tínhamos feito uma série de inovações ao longo de 2008. Por isso decidimos que era hora de ser mais cautelosos", diz Orion Castro, gerente de tecnologia do grupo Carvajal. "Hoje a pressão é forte para renegociar contratos com fornecedores e só apostar em projetos que ajudem na redução de custos."

No primeiro trimestre de 2009, o faturamento das empresas de equipamentos de TI, incluindo componentes, caiu 16% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). O mercado de PCs vendeu 2,217 milhões de unidades no 1º trimestre, com queda de 12% sobre o mesmo intervalo de 2008.

Voltar

Procurar no site

© 2008 Todos os direitos reservados.