Dicas para um leitor cada vez mais nas nuvens

13-05-2010 12:55
Walter S. Mossberg - Valor Econômico
 
O mundo digital adora esbanjar seu próprio jargão, e uma das expressões mais usadas atualmente é "computação em nuvem". A expressão aparece onde quer que sejam discutidos os novos usos da internet. Mas o que os tecnólogos e as empresas do setor querem dizer quando se referem a fazer coisas em "nuvem"? Eles não estão falando de meteorologia, e tudo que eles veem quando usam o termo - sempre no singular - é um dia ensolarado, e não chuvoso.

Para ajudar você a entender o que andam falando sobre computação em nuvem, vão aí algumas explicações básicas. Não pretendo cobrir cada detalhe usado atualmente pelos experts em internet. Mas espero que essas explicações deixem claro para as pessoas normais o que são os produtos e serviços em "nuvem" que estão sendo oferecidos.

No seu nível mais básico, a "nuvem" é simplesmente a própria internet, ou o vasto conjunto de servidores espalhados pelo mundo a partir dos quais a internet é formada. Quando as pessoas dizem que um documento digital está armazenado, ou uma tarefa digital está sendo desempenhada, em nuvem, querem dizer que o arquivo ou aplicativo reside num servidor o qual você acessa por meio de uma conexão à internet, via um navegador ou um aplicativo, em vez de nos dispositivos "locais", como o seu computador ou celular inteligente.

Essa não é uma ideia nova. Há anos que existem serviços que mantêm seus arquivos num servidor distante na internet, ou guardam suas fotos online. E os programas de e-mail pela Web, como o Yahoo ou o Hotmail, são exemplos conhecidos de aplicativos baseados em nuvem. Esses programas residem nos servidores, não no seu PC, e você os acessa por meio de um navegador de web.

O que mudou é que, nos últimos anos, o armazenamento em larga escala baseado na internet ficou mais barato, e por isso ficou possível para os programadores criar softwares remotos mais sofisticados. A velocidade e a oferta das conexões de internet também melhoraram. Além disso, alguns usuários manifestaram um desejo de compartilhar e trabalhar em equipe de uma maneira que fosse mais rica e mais fácil do que a troca de arquivos via e-mail. Os serviços baseados em nuvem permitem que muitos usuários vejam, comentem e editem o mesmo material. Tudo isso contribuiu para a importância da computação em nuvem.

Além de tudo, os computadores estão evoluindo de uma maneira que torna os serviços em nuvem mais atraentes. O seu pequeno netbook pode não ter o disco rígido necessário para armazenar todas as suas fotos e músicas, mas há maneiras de manter todo esse material em nuvem e acessá-lo à vontade. O seu celular inteligente não consegue rodar todos os programas sofisticados, ou armazenar todos os seus arquivos, como um PC consegue. Se ele estiver conectado a uma armazenagem em nuvem e a aplicativos baseados em nuvem, entretanto, vai conseguir fazer muito mais do que as especificações do aparelho sugerem. E, com o armazenamento de arquivos em nuvem e os aplicativos que rodam na memória dos servidores, dá até para imaginar uma viagem sem computador. Um computador, tablet ou celular inteligente emprestado pode ser tudo o que você precisa para entrar nas suas contas online e fazer o que precisa.

Assim, nos últimos anos, houve uma enxurrada de produtos e serviços baseados em nuvem para armazenar e compartilhar arquivos; para manter as informações em todos os seus aparelhos sincronizados; e até para realizar tarefas como editar fotos, ou criar e editar documentos e planilhas grandes.

Por exemplo, eu escrevi parte desta coluna numa edição particular de teste de uma versão baseada em nuvem do Word da Microsoft que a empresa vai lançar em breve. Aliás, a Microsoft vai tornar toda a suíte de aplicativos Office disponível de graça na nuvem. O Google o outras empresas já têm suítes de produtividade baseadas em nuvem. Um outro exemplo: muitos dos 200.000 aplicativos para o iPhone da Apple nada mais são do que programas que extraem dados ou serviços armazenados na nuvem para oferecer coisas que vão de listas com opções de restaurantes a rotas para o motorista.

Existem outros bons exemplos. No Picnik.com, você encontra um editor de fotografias baseado em nuvem que é versátil e consegue trabalhar em fotos de uma ampla variedade de sites de fotografia da web, bem como nas fotos em seu próprio disco rígido. No Zoho.com, você encontra uma abundância de aplicativos baseados em nuvem que interagem tanto com a web quanto com seu disco rígido. Dá para acompanhar as finanças usando um programa baseado em nuvem chamado Mint, que é disponível a partir de um navegador de PC, ou a partir de um iPhone ou algum telefone com o sistema operacional Android. É claro que os leitores inteligentes vão ter notado que essa tendência da computação em nuvem tem uma falha óbvia. Se você não está conectado à internet - ou não tem como se livrar de uma péssima conexão -, pode ficar a ver navios quando quiser acessar os arquivos importantes que estejam armazenados remotamente, ou precisar usar um programa baseado em nuvem. O Google, que está criando todo um sistema operacional baseado em nuvem, e outras empresas acharam maneiras de armazenar alguma parte do material remoto no seu dispositivo local. Mas essas soluções não ainda não são abrangentes, por isso os usuários sabidos vão fazer questão de ter em seus aparelhos as ferramentas e arquivos de que precisam mais.

Alguns produtos contornam isso oferecendo híbridos de serviços em nuvem e locais. Um dos meus favoritos nessa categoria é o SugarSync, que faz um back-up na web das pastas mais importantes que você escolher e as sincroniza com os discos rígidos nos seus PCs ou Macs, de modo que você sempre tenha as cópias mais atuais em mãos, com ou sem uma conexão. Um outro problema é o da privacidade. Muitos desses serviços em nuvem têm boa segurança, mas os hackers bisbilhoteiros são incansáveis e espertos, e por isso os consumidores devem ter cuidado em relação ao que eles armazenam na nuvem. Talvez você não se importe se uma foto da família for espiada, mas o seu CPF é uma outra história.

A computação em nuvem está crescendo, é bastante útil e veio para ficar. Ela só tende a ficar cada vez melhor.
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