Celulares para navegar pela vida

20-05-2009 18:03

Os quatro bilhões de telefones celulares em uso no mundo carregam informações pessoais, acessam a internet e cada vez mais servem para navegar pelo mundo real. E, segundo cientistas da computação, à medida que os celulares mudam o modo como vivemos, também estão mudando a maneira como pensamos a informação.
Com o domínio do celular, uma nova metáfora está emergindo para expressar como organizamos, encontramos e usamos as informações. Nova em certo sentido, isto é, pois ela também é tão antiga quanto a própria humanidade. Essa metáfora é o mapa.
À medida que essa metáfora ganha força, ela vai transformar nossos comportamentos e como nos localizamos em regiões geográficas novas. À medida que pesquisadores e empresas aprenderem a usar todas as informações que os celulares podem fornecer sobre a localização de seus usuários, novas questões relativas a privacidade vão surgir. Você pode usar seu telefone para localizar amigos e restaurantes, mas outros podem estar usando seu telefone para localizar você e descobrir coisas a seu respeito.
Hoje, mapas exibidos em celulares já podem indicar o caminho ao caixa automático mais próximo, exibir críticas de restaurantes postadas on-line por clientes ou lhe informar a localização de amigos. No início deste ano, o Google lançou em 27 países um sistema de localização chamado Latitude.
O serviço do Google vai gerar uma mina de ouro de novas informações sobre os lugares por onde se deslocam milhões de pessoas todos os dias, e não há dúvida de que o Google e outros planejam garimpar essa mina. "Todo o mundo está de olho no Google, e isso vai inaugurar uma enxurrada de aplicativos e serviços relacionados à localização", disse Greg Skibiski, executivo-chefe da Sense Networks, empresa que garimpa, para finalidades de marketing, os milhões de rastros digitais deixados por usuários de celulares.
Um mundo móvel baseado em mapas e localização exigiria que repensássemos alguns conceitos básicos de privacidade. Para algumas pessoas, expor sua localização exata, 24 horas por dia, a um exército de "pequenos irmãos", para finalidades de marketing e publicidade, constitui uma invasão.
Outros enxergam as coisas sob ótica diferente. Recentemente, Sam Ashton, 23, fundador do Loopt, serviço pioneiro usado para localizar amigos, estava jantando em Palo Alto, Califórnia (EUA), quando observou na tela de seu telefone que seu colega de quarto na faculdade estava em um restaurante ao lado. Depois do jantar, os dois se encontraram num bar, junto com outro ex-aluno de Stanford que os localizara em seu telefone.
A Nokia, maior fabricante mundial de celulares, adquiriu mapas digitais de 69 países e está se apressando para entregar a empresas de desenvolvimento as ferramentas necessárias para criar softwares de mapas e navegação. "É uma nova metáfora que outros poderão aprofundar", disse Michael Halbherr, vice-presidente da Nokia para serviços de localização social. 
 

Publicado na Folha de S. Paulo

JOHN MARKOFF - The New York Times

Voltar

Procurar no site

© 2008 Todos os direitos reservados.