Cala a boca, Twitter

22-06-2010 10:06
Ronaldo Lemos - Folha de S. Paulo
 
O FENÔMENO "Cala Boca Galvão" tomou conta do Brasil e do mundo.
Isso não é mais novidade para ninguém. Só estou falando disso aqui porque ele dá o que pensar sobre a relação da internet com outras mídias.

Em muitos casos, a internet funciona como "caixa de ressonância" da mídia tradicional. Um artigo sai publicado no jornal ou um programa de TV vai ao ar e os internautas vão atrás, difundindo o assunto na rede.

Mas no "Cala Boca Galvão" foi diferente. O fenômeno surgiu na internet, no dia da abertura da Copa. E daí a mídia tradicional foi quem teve de correr atrás.
Mesmo depois de cinco dias da piada bombando no Twitter, ainda dava para ver artigos de jornal tratando o caso como novidade.

E depois de o "Cala Boca Galvão" aparecer em jornais gringos importantes, como o "New York Times", até a TV foi atrás, com direito ao próprio Galvão dando declarações de apoio.

Dá para pensar em algumas coisas a partir disso.
A primeira é que piada de internet só tem graça mesmo na internet. Tentar explicar em outras mídias pode até ser informativo para quem estava desconectado, mas não tem nem de longe a mesma graça.

O humor da rede faz piada com suas próprias características: o fato de os "trending topics" do Twitter terem sido dominados, as múltiplas campanhas inventadas rapidamente com Photoshop, a desinformação espalhada em 140 caracteres sobre o significado do bordão e assim por diante.

O outro ponto é que o "Cala Boca Galvão" é um caso raro de "meme" genuinamente brasileiro que ganhou o mundo. "Memes" são comportamentos e ideias que se reproduzem por imitação ("mimesis"). Alguém vê e quer espalhar ou fazer igual.

O Brasil é um grande consumidor de "memes", como o "lolcats" (bit.ly/4x6Niu). É também um bom produtor de "memes", como o "tenso" (bit.ly/db7e0Z).
Mas, até então, nenhum "meme" brasileiro tinha se tornado tão global.
Há muita gente orgulhosa disso. E outro tanto com vontade de gritar "cala a boca, Twitter".
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