Brasil cai duas posições em ranking de TI

26-03-2010 10:33
Gustavo Brigatto - Valor Econômico
 
Estudo: País fica na 61ª colocação em levantamento do Fórum Econômico Mundial, liderado pela Suécia

Apesar de todo o investimento que tem recebido e do acesso crescente da população à tecnologia, o Brasil não conseguiu melhorar sua posição no Índice de Tecnologia da Informação (ITI) elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Pelo contrário, na edição 2009-2010 do levantamento, o país aparece na 61ª posição, dois lugares abaixo do posto que ocupava no ano passado.

Para Irene Mia, coeditora do relatório e economista sênior de competitividade global do WEF, o Brasil não está conseguindo acompanhar o ritmo de países como China, Índia, Chile e até Barbados, países que têm tido grande preocupação em criar as condições de desenvolvimento do setor. "O Brasil está melhorando em vários aspectos, mas ainda tem questões de infraestrutura que precisam ser trabalhadas, como o sistema de ensino e o alto preço cobrado pelos produtos de tecnologia e comunicação", diz a especialista, em entrevista ao Valor.



No item que mede a preparação dos indivíduos para consumir tecnologia, o Brasil passou da 81ª colocação em 2008 para a 99ª posição no ranking deste ano. Na avaliação da economista, com mais educação - principalmente nas áreas de ciências e matemática - e preços mais acessíveis, a população teria mais interesse em comprar e usar a tecnologia em seu cotidiano. Irene avalia, no entanto, que o quadro não é preocupante. "Duas posições não é uma queda drástica. O Brasil continua sendo um país interessante do ponto de vista de investimentos", diz.

A melhora em pontos como telefonia, rede elétrica e centros de pesquisa, entre outros aspectos, fez o Brasil ganhar duas posições em um quesito importante do ITI: o de infraestrutura. O país passou do 65º para o 63º lugar. Irene reforça, no entanto, que o desempenho do Brasil vem sendo prejudicado pelos mesmos fatores nos últimos anos: burocracia, impostos e o sistema educacional.

Em 2009, na comparação com os países da América Latina e do Caribe, o Brasil ficou atrás de Barbados, Chile, Porto Rico, Costa Rica, Uruguai, Panamá e Colômbia no índice que mede o nível de preparação de um país para o uso de tecnologias da informação e comunicações. México e Argentina perderam algumas posições e continuaram atrás do Brasil.

De acordo com Irene, não é possível fazer uma comparação direta entre o desenvolvimento dos mercado em países com realidades tão diferentes como Brasil e Barbados, por exemplo. O índice do WEF é apenas uma referência de como cada país tem trabalhado a questão do uso de TI. "Em países com tamanho menor é muito mais fácil fazer uma política dar certo", afirma.

Com relação ao conjunto de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China, o Bric, que têm sido um dos principais destino de investimentos das empresas nos últimos anos, o Brasil só ficou à frente da Rússia, que perdeu 16 posições e ficou em 90º lugar no ranking.

Em sua nona edição, o ITI traz as notas de 133 países. No total, são avaliados 68 itens, que são agrupados em três grandes temas: o ambiente empresarial, regulatório e de infraestrutura de TI; o preparo do governo, pessoas e empresas para usar os recursos; e a implementação real de novas tecnologias.

A Dinamarca, que liderou o ranking em suas três edições anteriores, perdeu a posição para a vizinha Suécia, que ocupou o segundo lugar nas edições do estudo em 2008 e 2007. Cingapura, que no ano passado era a quarta colocada no índice, assumiu a segunda posição. "Cingapura é um país que tinha poucos recursos, mas que, por decisão do governo, decidiu investir em tecnologia e teve sua realidade transformada por conta disso", comenta Irene.

Assim como o Brasil, os Estados Unidos também perderam duas posições na lista, caindo da terceira para a quinta colocação. Questões de regulamentação, proteção à propriedade intelectual e custo de acesso à telefonia são apontados como os principais entraves para o país. Apesar de ter um enorme mercado de tecnologia e um dos maiores índices de registro de patentes no mundo, os EUA não conseguem retomar a liderança do ITI, perdida em 2005.
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