Acesso móvel à internet ganha fôlego

09-03-2010 14:43
André Borges, Gustavo Brigatto e Manuela Rahal - Valor Econômico
 
Redes: Estudo mostra que conexões desse tipo no Brasil vão saltar de 8 milhões para 18 milhões até 2011

Em menos de dois anos, o acesso rápido à internet por meio de redes sem fio deverá superar o número de conexões feitas por redes fixas no país. A previsão da empresa de pesquisa Pyramid Research é de que o volume de acesso à banda larga via rede fixa saltará dos 13 milhões de acessos estimados neste ano para 17 milhões de conexões em 2011. No mesmo intervalo, a quantidade de acessos por redes móveis vai subir de 8 milhões para 18 milhões de conexões.

A velocidade de expansão das redes sem fio frente às fixas é resultado de uma série de fatores. Para as operadoras de telefonia celular o aumento de suas redes depende, basicamente, da instalação de novas antenas e equipamentos para suportar a demanda, um processo mais rápido e barato que o exigido das operadoras de telefonia fixa, que precisam escavar o solo para instalar cabos.

Outro ponto é o volume de negócios. O acesso sem fio tende a ser um serviço individual, atrelado ao computador portátil do usuário, enquanto o acesso fixo é compartilhado por várias pessoas em um mesmo ambiente. A tendência de queda nos preços do serviço de acesso sem fio e dos computadores portáteis também tem acelerado esse processo.

Esse cenário é exemplificado pelas vendas de fabricantes como a Huawei e a ZTE, que produzem modems de acesso de terceira geração (3G). No primeiro semestre a Huawei vendeu mais de 1 milhão de unidades desses dispositivos. É mais do que a empresa vendeu durante todo o ano de 2008. "A projeção de crescimento nas vendas é de 50% neste ano", diz Luis Fonseca, diretor de terminais da Huawei.

A projeção do setor, segundo Bernardo Weisz, diretor de terminais da ZTE, é de que os modems 3G ganhem mais de 3 milhões de adeptos neste ano. O volume já atraiu a atenção de companhias como a LG e a Nokia. Por meio de nota, a Nokia confirmou que trará ao país, a partir de agosto, um modem 3G. "A empresa optou por entrar nesse mercado por identificar um amadurecimento relevante da demanda por internet móvel no Brasil", afirma Almir Narcizo, presidente da empresa. O equipamento terá tamanho compacto, similar a um pen drive, e será compatível com os sistemas Windows e Mac.

Do lado dos fabricantes de computadores, a corrida é para entregar ao usuário máquinas que tenham embutidos os modems de acesso sem fio. Companhias como Asus, Dell, LG e Positivo têm feito promoções casadas com operadoras de telefonia para levar ao varejo um produto preparado para o acesso à internet.

Há duas semanas, a Hewlett-Packard (HP) anunciou uma parceria com a TIM para venda casada de um notebook com modem 3G da operadora. O acordo não deverá ser exclusivo, diz Luis Mascarenhas, diretor da unidade de negócios de consumo da HP. " Também estamos em negociação com Claro, Oi, Vivo e até mesmo operadoras de linhas fixas", diz.

Embora o crescimento dos acesso à rede sem fio venha sendo impulsionado pelos modems 3G externos, a tendência, segundo especialistas, é de que os portáteis passem a vir com esses dispositivos embutidos. Uma pesquisa da ABI Research mostra que, neste ano, apenas 3% dos laptops vendidos no mundo terão modem embarcado. Em 2013, porém, essa média subirá para 30%.

De qualquer maneira, o acesso à internet sem fio via rede 3G ainda precisa se mostrar uma alternativa efetivamente viável. Em seu estudo, a Pyramid Research alerta para o "efeito frustração" que os usuários podem ter com a qualidade do serviço em meio à expansão da internet móvel no país.

"A rede 3G tem muito para melhorar ainda", afirma o funcionário público José Roberto Sato. Ele conta que há dez dias cancelou um serviço desse tipo e mantém outro apenas porque está "enforcado" por um contrato de fidelidade. "Eu só recomendaria a 3G em último caso", critica Sato.

Eduardo Aspesi, diretor de marketing da operadora de TV a cabo Net, diz que não vê a internet móvel como concorrente, mas como algo complementar à oferta fixa. "Quanto mais gente estiver na internet melhor, porque eu tenho um produto melhor", diz. Segundo Aspesi, a rede 3G ainda não se converteu em banda larga. "Se você quiser usar [a rede] no horário de pico, [ela] não funciona; o serviço já está saturado."
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