"Efeitos de rede" mantêm o Facebook renovado

06-04-2010 12:57
Randall Stross - Folha de S. Paulo (The New York Times)
 
Rede social cresce sem ficar chata

O Facebook tem hoje mais de 400 milhões de usuários ativos, em comparação com 50 milhões em 2007. Se as redes sociais ainda pareciam um ambiente de casa noturna, para jovens urbanos badalados -em um dia o site é "da hora", no outro não é-, poderíamos esperar que as multidões logo se cansassem.

Mas o Facebook não parece destinado a esse desfecho. O site habilmente copiou a estratégia de "efeitos de rede" usada por outra marca que há muito tempo detém a posição dominante na indústria de informática: Microsoft Windows.

Os economistas usam o termo "efeitos de rede" para se referir à forma como o valor de um produto ou serviço aumenta de acordo com o número de pessoas que o utilizam. Se você é 1 de apenas 10 pessoas no mundo que têm uma conta de e-mail, sua utilidade é limitada. Acrescente um bilhão de pessoas, e o valor prático de sua conta aumenta na mesma medida.

Um membro do Facebook desfruta dos benefícios imediatos quando cada amigo adere -são efeitos de rede diretos. Mas o usuário médio já tem 130 amigos, por isso, a não ser que o usuário seja incomumente sociável, os efeitos diretos não vão aumentar drasticamente além de um certo ponto.

Para um membro individual, os mais poderosos efeitos de rede podem ser indiretos, que vêm do enorme número de outras pessoas desconhecidas no mundo do Facebook. Essa massa, por sua vez, atrai fornecedores de produtos e serviços complementares.

Para o Windows, a enorme base instalada atraiu desenvolvedores de software terceiros, que por sua vez atraíram mais usuários. O iPhone da Apple teve ciclo virtuoso semelhante. Assim, também no Facebook desenvolvedores de aplicativos como FamilyLink, Marketplace e iLike’s Music criam um universo de software com aparentemente infinitas opções. E isso atrai mais usuários.

A decisão do Facebook de abrir seu site para desenvolvedores externos, em maio de 2007, foi um "momento transformador", disse Charlene Li, da consultoria Altimeter Group. "Como o Facebook permite desenvolvedores em seu site, as pessoas que teriam desenvolvido outros sites de rede social hoje trabalham com o Facebook."

Empresas, grupos sem fins lucrativos, órgãos do governo e celebridades usam as páginas do Facebook para divulgar dados. Os efeitos de rede também funcionam aqui: os usuários atraem nomes conhecidos, que, por sua vez, atraem mais usuários.

Os efeitos de rede, se suficientemente fortes, podem levar uma plataforma além do ponto de virada, acelerando seu crescimento. "Como mostra o Windows, quando um mercado com efeitos de rede tende para uma plataforma dominante, é difícil reverter isso", disse Andrei Hagiu, professor assistente na Escola de Economia de Harvard.

O Facebook facilita a fidelidade de seus membros. Sites externos podem se tornar parceiros no Facebook Connect, oferecendo aos visitantes a capacidade de acessar com seu nome de usuário do Facebook e continuar interagindo com seus amigos mesmo quando não estiverem no site.

Mas ele introduz um risco estratégico. Conforme sua utilização aumenta, os membros podem passar menos tempo no site principal do Facebook, com possíveis implicações negativas para o modelo empresarial.

"Levar sua rede com você é mais poderoso do que ter toda a atividade em torno de sua rede acontecendo em um lugar central", disse Noah Brier, diretor da Barbarian Group, empresa de marketing digital.

Observadores da indústria analisam o horizonte em busca de um desafiante que poderia deslocar o Facebook, e Brier acredita que tem algo em vista: "Quem será o próximo Facebook?", ele pergunta. "O Facebook Connect."
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